quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Já não há pachorra, senhor Pinto da Costa



Mais uma vez, o senhor Pinto da Costa (PC), com a acutilância  que lhe é peculiar, veio criticar os responsáveis pela Federação Portuguesa de Futebol e desta vez também incluiu o seleccionador nacional Paulo Bento, pelo facto desta ter negociado a realização dum jogo amigável no Gabão entre a selecção nacional daquele país e a portuguesa. Argumentou que a escolha daquele jogo e naquela país, localizado no hemisfério sul e logo com um clima de Verão, bem como a distância de Portugal, prejudicou os jogadores e, consequentemente, os clubes que os cederam. Referia-se, obviamente,  ao seu clube, apesar deste ter apenas cedido dois jogadores, enquanto que, por exemplo,  o Sporting de Braga cedeu sete!
Como já o tem feito, voltou a invocar que a FPF realiza muito dinheiro sem pagar um tostão, isto é, serve-se dos jogadores dos clubes para fazer encaixes financeiros e constituir depósitos a prazo nos bancos . O senhor PC queixa-se e ataca a FPF, porque o seu “estatuto de papa do futebol português”  lho permite, até porque sabe que poucos ousam contestar as suas afirmações ou acusações. Mas não faz o mesmo com as federações nacionais de outros países e às quais o FCP cede também jogadores. Nesta semana, o seu clube cedeu cinco jogadores a selecções doutros países, porque, infelizmente para a selecção portuguesa, o FCP tem muito poucos jogadores portugueses no seu plantel principal. Outros clubes europeus terão mais razões de queixa do que o FCP.
Mas mesmo que o senhor PC tivesse moral para atacar a opção da FPF, é condenável que esta tente fazer encaixes financeiros, se todas as outras federações o fazem também? Afinal, quem financia a actividade duma extensa pirâmide que é o futebol nacional? São os clubes “grandes”, maioritariamente compostos por jogadores estrangeiros? Reparou o senhor PC de que a  federação espanhola deslocou a sua principal selecção ao Panamá, para fazer um jogo amigável também? E que a Argentina fez o mesmo (com um jogador do SCP e outro do SLB na equipa) deslocando-se à Arábia Saudita? E muitas outras selecções realizaram, neste mesmo período e  a meio da semana, jogos amigáveis?  É que a FPF não pode comprar jogadores noutros países, como fazem os nossos “grandes” e também não podem realizar brutais encaixes financeiros com as vendas, pelo que a FPF e outras,  têm que fazer um gestão financeira que lhes permitam ser sustentáveis.
Coitadinhos dos jogadores portugueses que são, mais fraquinhos do que os espanhóis, os argentinos, etc.  E o que dizer do papel ingrato do seleccionador Paulo Bento que têm cada vez mais dificuldades em fazer uma  boa selecção, por causa da “invasão” de jogadores estrangeiros, porque tem sido essa a  opção dos dirigentes dos clubes portugueses, em vez de apostarem mais nos nossos jovens. As equipas Bs, cujos efeitos positivos parece que já se estão a fazer sentir, são projectos para continuar ou é mais fácil ir ao estrangeiro comprar jogadores, pelo que o seu período de vida será curto?
Parece que nem os problemas cardíacos de que padece o senhor PC,  como eu e que lamento ao cidadão, lhe refreiam as acutilantes e sempre “venenosas” críticas a todos aqueles que não façam parte do seu universo de “yes men” . Já não há pachorra para ouvir esse senhor, mas até a imprensa lhe abre alas e lhe agradece a suas sábias e “autoritárias palavras”. Para mim basta, porque estou farto de ser “ofendido” pelo senhor PC. 

domingo, 17 de junho de 2012

No País da Bola, o resto é "paisagem"


Ciclista Rui Costa ganhou a Suíça



O ciclista português Rui Costa (Movistar) acaba de vencer a Volta à Suíça, em bicicleta, depois de ter conseguido manter a curta vantagem de 14 segundos sobre o luxemburguês Frank Schleck para a nona e última etapa. Ganhou a prova e liderou-a durante vários dias. A volta à Suíça é uma prova da “segunda divisão” do ciclismo internacional, mas isso não retira mérito ao ciclista português que já no ano passado ganhou uma etapa do mítico “Tour de France”.
Porque vivemos no “país da bola” e depois do Benfica, Sporting e Porto terem abandonado o ciclismo, que alimentava o fervor clubistico em periodo de defeso do futebol, este deixou de ter qualquer relevo na  nossa imprensa, mesmo a desportiva, com a excepção, que confrima a regra, da cobertura da Volta a Portugal e do “Tour de France”, mas nesta a “cobertura”depender do que a televisão internacional enviar para a portuguesa. A minha geração vibrou com os feitos heróicos de Joaquim Agostinho e de muitos outros, mas o interesse pelo ciclismo foi-se diluindo, com a “perda da clubite aguda”. É pena, porque é um desporto com as suas virtudes e espectacularidade. Ainda o ano passado, vibrei, instalado no meu sofá, com a heróica etapa da Serra da Estrela, num sobe e desce desde a Covilhã, Penhas da Saúde, Penhas Douradas e Torre. De carro, que fiz posteriormente, fica-se com a dimensão do esforço que os “herois do ciclismo” fazem.
Igual tratamento, pouco ou nenhum, é dado às restantes modalidades desportivas e mesmo que os “media” argumentem interesses jornalísticos, entenda-se “matéria que vende jornais e atrai sponsors”, não se compreende esse ostracismo, porque os atletas e os adeptos mereciam que fosse dado mais relevo a essas modalidades, algumas com maior sucesso internacional do que o nosso futebol. Ou esquecem-se disso? Por outro lado, contribuiriam para uma maior formação ecléctica dos portugueses, porque, infelizmente, a maioria só “vê” a bola e se for do seu clube. Veja-se, por exemplo, a atitude dos adeptos da equipa da República da Irlanda que apesar de estarem a perder por 4-0 com a Espanha, no Euro2012, levaram todo o jogo em cânticos. Que rica lição que deram aos “alienados” nacionalistas e clubistas portugueses e não só.